Ainda espuma, escorria com sua mãe no imenso mar verde, sonhava estar ali, nenhum lugar seria tão maravilhoso como estar com sua mãe e descobrir o mistério do fundo do mar.
Porém ainda espuma e com isso, agarrava-se as gotas fortes e protetoras de sua mãe.
-Mas um dia terás que ir sozinha. Dizia-me ela. Eu, apavorada, deixava entrar água nos meus ouvidos.
Andávamos lentamente pelas pedras úmidas e escorregadias, subia no mais alto que podia, para não perder-me de seus braços.
Eu via minhas amigas mais aventureiras escorregar felizes pelas grossas rochas. E eu, simplesmente me ancorava àquele cuidado por quanto tempo me seria permitido.
Porém, um dia, seus braços me largaram das pedras e eu desabei.
Não sei se proposital, eu me perdi nas espumas altas e violentas, que me jogavam de um lado para outro. Sem tempo de soluçar, virei onda. Grande e violenta também, mas chorosa da mãe que perdi.
Maria Lenita 15maio2022