Um ano

Essa semana fará um ano de adeus…
Sinceramente sinto-o tão perto de mim…
Não choro de tristeza, egoísmo, remorso…
Choro de saudade.
Das suas mãos, do seu cheiro, da sua voz rouca perguntando quando eu adentrava à sala: É Lenita?
Sim pai, sou eu…
Sim pai sou eu que choro agora, doendo um pouco o coração… o soluço parece querer saltar do peito, mas eu respiro e controlo…
Você me ensinou a controlar… as emoções, as raivas… “tenha calma”.
Se por ventura, lá longe, bem longe, a gente não se encontrar em sonhos, nem em pensamentos, tudo parecer que o tempo descartou, que não há continuação de nada… Mesmo assim, não ficarei mais triste do que já estou, também estarei descartada e com isso meus sonhos e pensamentos o vento embaralhou…
Memória? Sim, hoje temos, amanhã sei não…
Mas alguém verá sem nada entender, que minha mão levanta no tempo…parece acariciar o nada, talvez até me veja sorrir, talvez até me procurem, talvez até nem me achem, talvez até vejam sombras que se abraçam caminhando no infinito.

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